Crise do metanol faz movimento cair em 26% dos bares e restaurantes de SP, diz associação

Um em cada quatro bares e restaurantes de São Paulo registrou queda no movimento no último fim de semana, após a crise provocada pela suspeita de adulteração de bebidas com metanol. Segundo pesquisa da Abrasel SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), 26% dos estabelecimentos relataram redução no faturamento —principalmente os que dependem das vendas de destilados.

A maioria, porém, manteve estabilidade. De acordo com o levantamento, 74% dos empresários tiveram desempenho igual ao de um fim de semana comum. Para a entidade, o resultado mostra que a confiança do público se manteve alta.

“Os bares e restaurantes reagiram de forma rápida e responsável, reforçando a comunicação com os clientes e adotando medidas de segurança nas compras. O movimento estável demonstra a confiança do público nos estabelecimentos que seguem boas práticas”, afirma Gabriel Pinheiro, diretor da Abrasel SP.

O impacto, segundo a entidade, foi localizado —restrito à categoria de destilados— e levou parte dos consumidores a migrar para cervejas, vinhos e bebidas sem álcool. Para 85% dos empresários, a preocupação dos clientes foi pontual.

Os bares que se comunicaram de forma transparente com o público tiveram melhor desempenho: 80% deles mantiveram ou aumentaram o faturamento. Entre os que não adotaram ações informativas, o índice caiu para 61%. “A proatividade foi a melhor defesa”, diz Pinheiro.

Como medida de prevenção, a Abrasel lançou uma cartilha com orientações de segurança na compra e no descarte de bebidas alcoólicas. O material está disponível gratuitamente no site da entidade e recomenda que empresários priorizem fornecedores legalizados e inutilizem garrafas antes do descarte, para evitar o reaproveitamento por falsificadores.

A associação também promoveu, em parceria com a ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas) e a ABRABE (Associação Brasileira de Bebidas), um ciclo de treinamentos online que reuniu mais de 15 mil empresários.

A entidade participa do grupo de crise criado pelo governo federal e defende o reforço da fiscalização em toda a cadeia produtiva. “Os falsificadores utilizam garrafas originais, o que dificulta identificar a fraude apenas visualmente. É essencial agir na origem do problema”, afirma Pinheiro.

A divulgação do levantamento ocorre no mesmo dia em que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a Polícia Federal investiga se o metanol usado na adulteração de bebidas teria origem em tanques abandonados após operações contra o crime organizado no setor de combustíveis.

O Ministério da Saúde confirmou 17 casos e duas mortes por intoxicação até esta terça (7). Outras 200 ocorrências seguem em investigação no país.

(Mônica Bergamo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *